20 de dezembro de 2019

Onde o silêncio não tem vez

Folha em branco. Uma possibilidade. Um anseio que se faz presente. Que anseio? Ser palavra. Por quê? Porque todas as tentativas já foram apostadas ou, ao menos, refletidas em algum momento. E, ademais, há uma urgência forte se alastrando pela mente. Não é possível de conter com qualquer argumento. Que urgência? De colocar esse anseio em prática. De tentar transbordar tudo que está aqui dentro para além daqui, pois é tão urgente quanto esse anseio que surgiu de forma avassaladora agora pouco. Se foi recente, será que não passará logo? Não! Não vai. É uma urgência bem explícita. 

Ok! Quando se diz todas as tentativas já foram apostadas, o que significa isso? Não é possível seguir sem pontuar melhor essa declaração. Significa que a alma já tentou de todas as formas de expressar o que está impregnado nela mesma. Há uma exaustão implícita nos ditames dessa alma tão sobrecarregada. Sobrecarregada? Sim! Quem carrega todos os ditames e lembranças postuladas pelo verbo sentir? Quem guarda para si as vertentes de todas as escolhas? Quem detém as posições firmes ou filosóficas da razão? 

E as tentativas que somente foram analisadas? Será que não pode sair do campo da reflexão? Pode ser que sim, pode ser que não. Quando se tem uma urgência latente, qualquer ato mais expressivo para quebrantar essa hesitação é louvável. Além do mais, quando se transforma tudo isso em palavra, há o registro. O registro é fundamental, pois a memória pode algum dia falhar. É como se fosse um meio seguro de se fazer presente e, ao mesmo tempo, de permanecer presente. A palavra nos memoriza

E o que se deseja memorizar? O existir, a exaustão, a inquietação, a reflexão, a causa e a consequência, o sentir e o pensar. O verbo existir é, concomitantemente, complexo e singular. Existimos diante de uma vida repleta de pluralidades, mas somos um mundo à parte nessa engenhosa engrenagem. A alma, por vezes, sente inquietação sobre tudo isso. Afinal, sentir e pensar demandam dessa existência uma energia e tanto. Por isso, uma hora a exaustão chega com a sua força e com a sua urgência de manifestar as suas perplexidades. 

E qual é o meio mais criativo para se manifestar? Qual? Através da arte. A arte é a manifestação mais enérgica da alma humana. Escrever é, acima de tudo, uma arte. Uma arte entre tantas. A palavra escrita é uma arte que nos permite existir. E nos permite existir além de nós, mas não deixando de nos pertencer. É uma das belezas criadas pelo ser humano. E merece ser exaltada. Fantástico! Vamos ser palavra, por algum instante, então? Sim! Sempre que possível.

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© A Vida Segundo A.G.
Tema base por Maira Gall.
Modificado por Aline Goulart.