Uma certa vez, eu estava na minha livraria favorita - na seção de livros de suspense. Distraída, não prestava atenção em nada ao meu redor. Isso é bem comum comigo quando fico imersa em algo que me encanta.
Contudo, naquele dia, algo me chamou muito a atenção.
Não muito distante de mim, uma senhora, muito empolgada, mostrava seu livro favorito para a neta.
O livro era um clássico da literatura mundial: Jane Eyre, da escritora Charlotte Brontë. Já tive a oportunidade de ler essa obra e, com certeza, recomendo. Foi publicada em 1847 e apresenta uma personagem cujo comportamento está muito além de seu tempo.
A neta da simpática senhora pegou o livro com cuidado e perguntou:
- Vovó, por quê? Por que esse livro, entre tantos outros que a senhora já leu, é o seu favorito?
A vovó prontamente respondeu, com um sorriso:
- Eu adoro uma protagonista que seja forte e corajosa, minha querida. Em certos aspectos, eu me vi nela.
Ah, os livros…
Eles nos encontram. Na sua totalidade, ou não, sempre há uma palavra que nos abraça - que nos marca de uma maneira para a qual, muitas vezes, faltam palavras para explicar.
Talvez todos nós estejamos, no fundo, em busca de uma história que nos entenda. E, quando a encontramos, é impossível não querer compartilhá-la, especialmente com alguém que amamos.
Essa cena me fez lembrar de quando terminei de ler, por exemplo, Água Viva, de Clarice Lispector. Fiquei tão empolgada, mas tão empolgada, que saí recomendando o livro para pessoas mais próximas - com a alegria de quem descobre algo precioso.
(E foi mesmo: descobri, ali, a minha vontade de escrever.)
E, sempre que posso, continuo recomendando. Essa obra… e tantas outras histórias que me fascinam.
Porque certas histórias não passam por nós impunemente.
E isso não vale apenas para os livros. Toda forma de arte tem esse dom: o de fazer a gente absorver coisas especiais - querer recomendar é inevitável.
É como se disséssemos:
“Isso aqui me tocou de forma especial. Talvez possa te tocar também.”
Recomendar algo que nos abraçou é, muitas vezes, um jeito delicado de abraçar quem é importante em nossas vidas.
Porque, no fundo, toda história que nos encontra de verdade… nos transforma. E, por mais íntima que seja essa transformação, ela merece - muitas vezes - ser compartilhada.
Há histórias e personagens com as quais nos encontramos nos livros pela vida! beijos, chica
ResponderExcluirQue bonito comentário, Chica.
ExcluirNunca imaginei por essa perspectiva. Bonito texto.
ResponderExcluirMuito obrigada.
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